Participação do Instituto Paulo Freire nas mesas “Tribunal Internacional: ética, legalidade e democracia” e “Direitos humanos, dignidade e democracia” do FSM.

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 FSM Tribunal Moraes
João Moraes respondendo perguntas de internautas que estavam na Bahia conectados com o Forum no Canadá.


Por Sheila Ceccon, no FSM-2016 - Canadá


     No dia 12/8, no contexto do FSM 2016, no Canadá, o coletivo de organizações brasileiras do qual o Instituto Paulo Freire faz parte, realizou duas atividades autogestionadas. Uma delas foi o “Tribunal Internacional: ética, legalidade e democracia”, que teve como objetivo difundir em Montreal as reflexões e conclusões a que chegou o “Tribunal Internacional pela Democracia no Brasil”, realizado no Rio de Janeiro dias 19 e 20 de junho (https://www.dropbox.com/s/j6chldpc0irwytm/Senten%C3%A7a%20TI.pdf?dl=0). Liege Rocha, da Frente Brasil Popular, comunicou que neste tribunal os jurados, por unanimidade, declararam que o processo de impeachment da Presidenta Dilma Roussef viola a Constituição brasileira, a Convenção Americana dos Direitos Humanos e o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, constituindo-se em um verdadeiro golpe de Estado.


     João Antonio de Moraes, da FUP, ressaltou que a disputa pelo petróleo está no centro do golpe. As reservas do pré-sal chegam a 170 milhões de barris o que iguala as reservas brasileiras às da Arábia Saudita. Alertou que se a Petrobrás for privatizada será uma enorme e irreversível perda para o povo brasileiro. Francine Mentrum, da organização Justiça Global (Bélgica), ressaltou que o que se passa no Brasil não é um caso isolado, que muitos “golpes brandos” estão em curso no mundo. Segundo ela, a democracia vem perdendo espaço, cotidianamente direitos sociais têm dado lugar à “proteção” militar. Disse que problemas globais precisam de resistência mundial, de solidariedade e luta internacional. Rita Freire, mediadora da mesa, destacou o papel da comunicação neste contexto e lembrou Malcom X, quando escreveu que “se não tomarmos cuidado, a mídia vai nos levar a amar nossos opressores e a odiar nossos companheiros”. Neste sentido, reiterou que o golpe em curso no Brasil é também midiático.



 Atividade DHJ Dignidade Comunicacao 1
Atividade "Direitos Humanos, Dignidade e Democracia". 

    A segunda atividade realizada pelo mesmo coletivo foi a mesa de diálogo “Direitos humanos, dignidade e democracia”. Nela, Bartiria Lima da Costa, da CONAM, denunciou a violência aos direitos humanos que acontece hoje no Brasil, no meio rural e no urbano. Conflitos provocados por latifúndios, megaprojetos, megaeventos e especulação imobiliária, excluem o acesso de milhares de pessoas à moradia, saneamento básico e energia, por exemplo.


     Valdecir Nascimento, historiadora e militante do Movimento Negro, afirmou que os negros no Brasil ainda “não são considerados nem mesmo humanos”. Disse que não é possível construir democracia sem pensar a realidade da população negra. Segundo ela, “o extermínio tem sido a opção”, mas esta realidade não pode continuar.


     Sheila Ceccon, do IPF e do CEAAL, falou da importância da educação popular, crítica e emancipadora, na construção da democracia, na conquista da dignidade e na garantia de direitos humanos. Enfatizou o papel fundamental da educação na transformação de sujeitos invisíveis por causa de uma sociedade massificada, em sujeitos coletivos e conscientes de que fazem sua própria história e a dos territórios onde vivem.

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