A 4ª edição do curso reúne militantes e entidades para a construção de estratégias de enfrentamento às violações aos Direitos Humanos.

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 Mais de 90 pessoas inscreveram-se para participar da 4ª edição do curso "Educação Popular em Direitos Humanos, que teve início no sábado (20/08).


     Para demarcar a defesa de um projeto popular de Educação em Direitos Humanos e enfrentar uma conjuntura de retrocesso e intolerância contra segmentos historicamente excluídos dos direitos elementares à vida, foi pensada, neste ano de 2016, a 4ª edição do curso "Educação Popular em Direitos Humanos". Promovido desde 2013 pelo Comitê Estadual dos Direitos Humanos de São Paulo, o curso é organizado pelo Instituto Paulo Freire, Central dos Movimentos Populares, Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos e Centro de Direitos Humanos e Defesa da Criança, Adolescente e Juventude Paulo Freire (Cedheca Paulo Freire).


     Em tempos de desmonte social pelo governo interino, promover debates, estudos e construção de estratégias com militantes e trabalhadoras(es) dos diferentes segmentos de atuação dos Direitos Humanos é unir forças para o enfrentamento às graves violações aos Direitos Humanos que o povo brasileiro está exposto. É resistir e lutar contra o golpe.

 

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 Alderon Costa, ouvidor-geral da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

     Neste sábado (20/08), foi realizado o primeiro encontro do curso "Educação Popular em Direitos Humanos", que acontecerá de agosto a outubro de 2016, aos sábados, das 8h30 às 16h30h, no Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, com duração total de 40 horas presenciais e 40 participantes, militantes e trabalhadores(as) dos Direitos Humanos.


     Na mesa da manhã, o ouvidor-geral da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Alderon Costa, abordou a distância persistente entre a população e o acesso à Justiça. “Nossa cultura de colonizados ainda é forte. Mas todos, sem exceção, necessitamos saber que temos direitos.”


     A canção coletiva “Nosso direito vem/E se não vir nosso direito/O Brasil perde também” abriu a atividade em grupo, na qual debateu-se a urgência de se romper as barreiras e do papel da comunicação como ferramenta-chave para promover os Direitos Humanos. “Temos de traduzir o linguajar, oferecer acesso às informações. Nosso papel é indicar, divulgar. Discutir o Judiciário sem a iniciativa da participação popular é trazer um olhar parcial. A Justiça começa com o diálogo e precisamos dessa participação dentro da Defensoria”, complementou Costa, que também é filósofo e jornalista. Ele destacou a necessidade de pensarmos a justiça diferenciando-a do poder judiciário. Justiça é tudo aquilo que queremos igualmente para todos(as). Em São Paulo, o Movimento Aberto no Conselho Superior da Defensoria Pública funciona das 9h às 11h, todas as sextas-feiras, na Rua Boa Vista, 200, no Centro. O primeiro atendimento precisa ser agendado previamente, pelo telefone 0800 773 4340.

 

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 Allyne Andrade, da Associação de Mulheres Negras Aqualtune.

     No período da tarde, Allyne Andrade e Silva, da Associação de Mulheres Negras Aqualtune, recorreu ao percurso histórico da legislação brasileira e aos marcos selecionados do regime internacional de combate ao racismo para exemplificar a violência ostensiva em relação aos negros no país.


Violência essa representada “em um Congresso predominantemente branco e masculino” e no “genocídio da juventude negra”. Em Pernambuco, por exemplo, um jovem negro tem 11 vezes mais chances de ser assassinado do que um branco. A despeito de uma Constituição que pede o combate por meio de medidas positivas e políticas afirmativas (como o Estatuto da Igualdade Racial), a maioria dos casos de racismo é arquivada, explicou Allyne. “Precisamos de uma formação estruturada, composta por uma política de avaliação e monitoramento, bem como da informação de qualidade e de luta”, disse a palestrante.

 

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 Douglas Belchior, militante do movimento negro.

     Na sequência o historiador Douglas Belchior pediu a quatro participantes que cada um deles tirasse um de seus sapatos. Enfileirados, botas e tênis se transformaram em uma linha do tempo, representando nossos 516 anos de história – mais de 300 mergulhados na escravidão. Se os quatro calçados simbolizassem uma pessoa de 40 anos, mais de metade de sua vida teria sido marcada pelo silêncio sangrento do regime escravocrata e opressor. “Não paramos para pensar que passamos quase o tempo todo na escravidão. A gente não trata disso. E é tarefa fundamental reafirmar a nossa história”, destacou Belchior, militante do movimento negro e ativista social.


     “É preciso defender os Direitos Humanos na perspectiva transformadora e revolucionária”, destacou ao finalizar o encontro da tarde, recomendando a leitura de Paulo Freire, Clovis Moura, Arthur de Gobineau e Frantz Fanon para que “possamos aprender , resistir e combater o racismo – e contribuir na construção de um país igualitário”.


     No próximo sábado, dia 27 de agosto os temas debatidos serão Economia Política e Segurança Pública. Sigamos juntos na construção da luta pelos direitos humanos!!

 

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O grupo no período da manhã, com Alderon.    E no período da tarde, com Douglas e Allyne.

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