Encontro abordou ensino de direitos humanos na educação básica e superior, em contextos de aprendizado não-formal, na mídia e entre profissionais de Justiça e Segurança Pública.
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Moacir Gadotti, primeiro à direita.
Nos dias 27 e 28 de novembro de 2018 foi realizado, na Universidade de Brasília (UnB), o I Colóquio Internacional de Educação em Direitos Humanos. O encontro discutiu práticas individuais e sociais para promover, proteger e defender os direitos humanos.
O seminário foi composto por sete mesas temáticas, com a participação de renomados pesquisadores sobre o tema. Os debates abrangeram os cinco eixos do PNEDH: educação básica; educação superior; educação não-formal; profissionais de Justiça e Segurança Pública; e educação e mídia. A mesa de encerramento avaliou os 15 anos do PNEDH e traçou perspectivas futuras.
O Colóquio Internacional celebrou os 70 anos de Declaração Universal dos Direitos Humanos, bem como os 15 anos da aprovação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Entre os convidados, destacou-se a presença do professor e presidente de honra do Instituto Paulo Freire (IPF), Moacir Gadotti, que participou da Mesa 3 “Educação não-formal”, ao lado das professoras Daniela Rosendo (Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos – IDDH), Maria da Glória Gohn (Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP), Maria de Lourdes Lima Nunes (Movimento Nacional de Direitos, Humanos – MNDH). A atividade foi coordenada pela professora Juciara Rodrigues (Ministério dos Direitos Humanos – MDH).
Em sua intervenção, Moacir Gadotti lembrou a figura do Patrono da Educação Brasileira como alguém que trabalhou constantemente sob a ótica da educação para os DH. Para Gadotti, Paulo Freire era um otimista, que acreditava no potencial transformador do processo educativo: “Os tempos difíceis que o tema dos Direitos Humanos está vivendo não devem esmorecer nossa articulação. Muitos acontecimentos positivos estão ocorrendo, como este próprio seminário do qual estamos participando”. E concluiu: “Mesmo nossa capacidade de indignação deve ser assumida como um dado positivo nesses tempos de desesperança! Mantenhamo-nos unidos em favor de uma educação emancipadora”.
O presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (ABPEducom), professor sênior da USP, e parceiro do Instituto Paulo Freire, Ismar Soares, participou da mesa 5, analisando o eixo temático do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, intitulado “Educação e Mídia”. A atividade, coordenada por Daniella Veyga, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), contou, igualmente, com a presença das professoras Andrea Cristina Versuti, da Universidade de Brasília (UnB), e Cosette Espindola Castro, consultora e pesquisadora do Instituto Brasileiro de Informação, Ciência e Tecnologia (IBICT). O painel encerrou-se com um relato sobre as experiências da ANDI – Comunicação e Direitos, apresentada pela diretora-executiva da instituição, a jornalista Miriam Pragita.
Diálogo entre escola e mídia
A mesa “Educação e Mídia” trouxe uma visão panorâmica e atualizada das pesquisas na área da relação entre o sistema midiático e o mundo da educação, apresentando razões e metodologias para se trabalhar, nos espaços de educação formal e não formal, o universo dos meios de comunicação, na ótica dos Direitos Humanos (DH).
Chegou-se à conclusão de que o tema “Educação e Mídia” necessita ser trabalhado mediante duas aproximações por parte dos responsáveis pela implementação da educação em DH: uma primeira aproximação deveria ocorrer junto aos responsáveis pelo setor da mídia, para discutir a implicação da produção veiculada em relação ao tema dos Direitos Humanos, e uma segunda aproximação com o próprio setor escolar, com exercícios de análise de mídia. Para Soares, “torna-se imperioso pautar o tema da Educação Midiática nos seminários e cursos que vêm sendo implementados, no Brasil, em decorrência da preparação dos municípios para a implantação da Base Nacional Comum Curricular".
Já quanto à mídia, o presidente da ABPEducom entende que torna-se indispensável uma mobilização para um diálogo mais explícito com os meios de comunicação sobre o tema: “O momento é favorável, levando em conta o fato de que os próprios veículos já demostraram a urgência de se entender o fenômeno que conduziu os últimos acontecimentos políticos no país, especialmente no período eleitoral, quando parte da população e muitos dos políticos prescindiram da mídia tradicional para o debate político e as campanhas eleitorais, mediante o uso muitas vezes antiético das mídias sociais”.