A educação de São Paulo nunca mais será a mesma

Seminário, promovido pelo IPF e outras organizaçãoes, discutiu as ocupações das escolas estaduais de São Paulo.

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     No dia 9 de dezembro, um mês exato do início das ocupações das escolas estaduais de São Paulo, o Instituto Paulo Freire e outras organizações promoveram o seminário "67 Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos", que teve como tema: “Direito à Educação: o que comemorar em São Paulo?

    

     Realizado na sede do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, na capital paulista, o Seminário contou com representante de diversas organizações ligadas à Educação e aos Direitos Humanos: Apeoesp, Campanha pelo Direito à Educação, UEE, Centro Gaspar Garcia, Ouvidoria da Defensoria Pública, IPF, MAB, Cedheca Paulo Freire, Fórum Estadual da Diversidade Étnico-Racial, Unifesp, Mulheres Ambulantes, além de pouco estudantes; já que na mesma data e horário o Comando das Escolas Ocupadas convocou um ato de apoio aos estudantes de São Paulo, na Avenida Paulista.

 

     Francisca Pini, diretora Pedagógica do IPF conduziu o Seminário. Ela lembrou que no dia 10 de dezembro, ao comemorar os 67 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é fundamental a atuação das instituições na promoção, defesa e combate às violações dos direitos humanos. “É uma luta constante para efetivação da Democracia neste país.”

 

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     Antes dos debates, foram apresentados dois vídeos sobre as ocupações das escolas estaduais de São Paulo. O primeiro deles mostrou o dia-a-dia dos estudantes organizados dentro das escolas e a denúncia, por parte deles, da superlotação das salas, falta de merenda, carteiras, quadras interditadas, banheiros sem cano etc. O segundo, fez um balanço de um mês de ocupações, com fotos marcantes dos estudantes nas escolas, nas manifestações e da ação violenta da polícia militar do estado de São Paulo.

 

O debate

 

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     A fala mais esperada foi a dos alunos que estão à frente das ocupações das escolas em São Paulo. Kaique Luiz, de 15 anos, estudante da Escola Estadual Raul Fonseca, localizada no bairro da Saúde, na capital paulista, falou por todos. Ele ficou famoso das Redes Sociais, porque foi filmado “enfrentando” policiais militares depois que arrancaram o cadeado do portão, deixando a passagem para o interior da escola livre. “Aí entra alguém, quebra tudo e vocês vão querer botar a culpa nos estudantes”, disse.
No Seminário, Kaique levantou diversos pontos. A luta organizada dos jovens impôs uma importante derrota do governo, que anunciou a suspensão da reorganização em 2016 e revogou o decreto no Diário Oficial. Além disso, também foi responsável pela queda do Secretário de Educação.


     Kaique reforçou em diversos momentos que a luta é dos estudantes. O apoio de movimentos sociais e políticos é bem-vindo, mas nas escolas ocupadas não são permitidas bandeiras nem atuação partidárias. “Estamos organizados. Cada um dentro da escola tem uma função definida. Há escalas de trabalho com equipes responsáveis por alimentação, limpeza etc. e as decisões são tomadas em assembleias”, contou.


     Sobre os próximos passos, Kaique disse que manterão as ocupações até que o governador anuncie que não haverá mais a reorganização.


     Gabriel Gonçalves do MAB (Movimentos dos Atingidos por Barreiras) afirmou que “é preciso reconhecer que existem novas formas de organização no campo da luta da organização estudantil, mas é preciso que estas lutas estejam articuladas e integradas para fortalecer a nossa agenda de luta.”

 

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     O que todos os participantes concluíram em suas falas é que, depois das ocupações, a educação do estado de São Paulo nunca mais será a mesma.

 

     Vídeo “Garoto enfrenta PM em escola ocupada”: https://www.youtube.com/watch?v=ETlDsy3mM2Q