Fórum Social Mundial Temático 2016: 15 anos de FSM – Paz, Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta

O IPF teve participação intensa na edição do Fórum Social Mundial Temático realizada em Porto Alegre (RS) de 19 a 23 de janeiro de 2016.

 

Marcha de Abertura




Realizada dia 19 de janeiro, a marcha de abertura reuniu cerca de 15 mil pessoas. Movimentos sociais, ativistas, intelectuais e políticos desfilaram com cartazes, faixas e bandeiras que indicavam a diversidade de pautas que seriam abordadas nas mais de 400 atividades do fórum, desde a luta anti-manicomial até a causa indígena, passando por grupos de movimentos sindicais e do movimento negro.

Seminário “Atuação e desafios para a construção de ‘Outra educação para outro modelo civilizatório’”

Enquanto membro da Secretaria Executiva do Conselho Internacional do Fórum Mundial de Educação, o IPF participou do planejamento e da coordenação do Seminário “Atuação e desafios para a construção de ‘Outra educação para outro modelo civilizatório’”, realizado nos dias 20 e 22 de janeiro.

As atividades do dia 20/01 foram mediadas por Sheila Ceccon, do Instituto Paulo Freire e Alessio Surian, da COFIR Universidade de Pádua – Itália. Em um primeiro momento foi realizada uma rodada de falas em que alguns convidados compartilharam reflexões relacionadas ao tema do Seminário: Nélida Céspedes (Consejo de Educación Popular de América Latina y el Caribe -CEAAL – Perú); Pere Polo (Ensenyants Solidaris Illes – Espanha); Ramon Moncada (CONCIUDADANIA – Colombia; Jose Luis Pazos (Confederación de Asociaciones de Madres y Padres de Alumnado – CEAPA – Espanha) e Márcio Cruz (FREPOP- Fórum de Educação Popular).

O conteúdo apresentado por Nélida Céspedes pode ser conhecido por meio do link: http://almanaquefme.org/?p=4757

Na sequência 38 pessoas oriundas do Perú, México, Colombia, Paraguai, Espanha, Argentina, Itália, Valência e Brasil, participaram de 3 Círculos de Cultura que tiveram como desafio responder a 2 perguntas problematizadoras: O que fazer para que a educação esteja a favor da emancipação das pessoas e não da mercantilização do ensino, formal e não formal? Como contribuir a partir da perspectiva da educação popular e de outros enfoques transformadores?

As respostas apresentadas pelos grupos foram:







Na PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO:

– Repensar a avaliação da educação.

– A educação formal deve deixar de ser hegemônica, patriarcal e eurocentrista.

– Voltar a repensar o que são, de fato, práticas democráticas e inclusão. Identificar quem está e não está sendo incluído.

– Romper as barreiras dos processos de formação, lutar por mais recursos para a educação.

– Educar para refletir e não para repetir. Estimular o pensamento crítico.

– Realizar práticas educativas contextualizadas, emancipatórias. Tomar a comunidade como base para o currículo.

– Recuperar, no processo educativo, práticas educativas “perdidas”.

– Retomar a amorosidade de que falava Paulo Freire.

– Recuperar teóricos que marcaram época na América latina.

– Garantir a escuta de todos/as, escuta que dê existência à fala do outro/a.

– Praticar a democracia na escola, não tê-la apenas como norma.

– Entender a cultura de maneira ampliada, incluir a cultura do território, trabalhar com o conceito de cidade educadora, de cidade como lugar de educação onde há uma multiplicidade de agentes educadores.

– Ultrapassar o espaço institucional para construir uma cultura contra hegemônica.

– Construir, coletivamente, outra leitura da realidade.

Na PERSPECTIVA DA ARTICULAÇÃO:

– Construir discurso global que dê respostas à educação única/ hegemônica, buscar “influenciar” os grandes poderes que mercantilizam a educação.

– Disputar o significado das nossas palavras de luta.

– Articular outros sujeitos educativos nos processos do FME: Mídia livre, movimentos de secundaristas, de juventude, de pais/mães etc.

– Compartilhar (nos FMEs) experiências educativas concretas, buscando inspirar novas práticas, divulgar novas narrativas e experiências de educação alternativas.

No dia 22 de janeiro as atividades foram mediadas por Beatriz Souto (Caórdia-Colombia) e Sheila Ceccon (Instituto Paulo Freire – Brasil). Em um primeiro momento realizaram reflexões Moacir Gadotti (IPF- Brasil), Salete Valesan Camba ( Flacso – Brasil) e Albert Sansano ( STEPV – Espanha).

 

O conteúdo apresentado por Moacir Gadotti pode ser conhecido por meio do link: http://almanaquefme.org/?p=4762

Na sequência, reunidos em dois Círculos de Cultura, 34 participantes responderam à pergunta: Como fortalecer o FME e ampliar seu poder de incidência, na perspectiva de enfrentamento à mercantilização vigente (da educação, da vida) e efetivação de uma educação pública e popular, crítica e emancipadora?



 

As respostas apresentadas pelos grupos foram:

CONTRIBUIÇÕES DOS CÍRCULOS DE CULTURA:

– Reafirmar a educação como direito público estatal, laico e gratuito, realizada de forma crítica, popular e emancipadora.

– Construir estratégias de fortalecimento dos espaços de participação da sociedade civil, articulando movimentos sociais, sindicais, organizações de jovens e de idosos, para integrar as agendas e a luta em prol da educação emancipadora. (aproximar o FME da agenda de lutas de direitos humanos, por exemplo).

– Buscar incidir, com pautas do FME, em planos de governo de candidatos a eleições.

– Criar um site do FME para socializar experiências, metodologias e ações, ampliando e assegurando a visibilidade do FME. Ampliar a rede do FME e retroalimentar diálogos onde circulem diferentes narrativas possibilitando e construção de novas propostas. Alimentar redes sociais, como por exemplo uma fanpage do FME.

– Pensar outros espaços de mídia que contribuam. Articular o FME com o FMML.

– Fazer com que documentos do FME cheguem às escolas. Fortalecer a participação de sindicatos e de professores no processo do FME.

– Apropriar-se das experiências das lutas em nível local e fortalecer diálogos com organizações e movimentos para fortalecer lutas concretas como por reforma política, por maior investimento na educação, pela democratização da escola pública (com a inclusão de todos os segmentos na sua gestão)

– Fortalecer o espaço do Almanaque em relação a aprendizagem. Ter, por exemplo, uma plataforma com o perfil de comunidade de práticas (ex: https://novo.atencaobasica.org.br/). Promover espaços permanentes de discussão, diálogo.

– Identificar lições a serem aprendidas das lutas que aconteceram recentemente na Espanha, no Brasil, na Colômbia etc.

– Mapear agendas locais, regionais e mundiais e fazer com que o FME esteja presente, por exemplo, no CONFITEA e no FSM Canadá.

– Realizar um FME temático da juventude, onde a ênfase seja a participação jovem e o compartilhar de experiências educativas transformadoras (garantir a participação de secundaristas de SP)

– Realizar edições do FME durante o ano letivo, evitar agendar para as férias escolares.

Mesa de Convergência: Educação Popular e Direitos Humanos

Na tarde de 22 de janeiro, o Prof. Moacir Gadotti (IPF- Brasil) representou o Fórum Mundial de Educação na Mesa de Convergência da Educação.

A íntegra de sua fala está registrada no Almanaque do Fórum Mundial de Educação: http://almanaquefme.org/?p=4748

Assembleia de Movimentos Sociais

Na manhã de 23 de janeiro, sábado, foi realizada a Assembleia de Movimentos Sociais.

A “Carta dos Movimentos Sociais” foi lida logo no início da atividade, e, no documento preliminar, constava a importância da “luta por uma educação pública e gratuita de qualidade para todos”. Sheila Ceccon, representando o IPF e o CI do FME, propôs alteração no texto argumentando que “qualidade” é um conceito em disputa, que devemos lutar por uma educação de qualidade social. Defendeu que a educação pública precisa ser uma educação popular, que construa compromisso social, que forme para a cidadania. “Não podemos delegar a educação de nossos povos ao mercado, que fortalece valores que não nos interessam. Precisamos deixar claro de que qualidade estamos falando”.

Reunião do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial

Dia 23/01 (tarde) e 24/01 (manhã e tarde), Sheila Ceccon representou o IPF na reunião do CI do FSM. Um importante processo de reestruturação do Conselho Internacional está em curso desde março de 2015. Além de longas discussões sobre a composição e o sentido do Conselho, e como fazer para que cumpra da melhor forma sua missão, foram também realizadas reflexões sobre a próxima edição do Fórum Social Mundial que deverá acontecer em agosto de 2016, no Canadá.