#OcupaCiri: Um diálogo entre IPF e os jovens da escola

Instituto Paulo Freire realizou Círculo de Cultura sobre Feminismo Negro e Movimento LGBT com os(as) estudantes do Ciridião.

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Miolo Ciridiao

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     Segunda feira, dia 30/11, a Escola Manuel Ciridião Buarque Professor, localizada na Vila Romana, completou uma semana de ocupação e intensos debates entre estudantes que lutam pelo direito de serem escutados, pelo direito à educação e pela não precarização do ensino na rede estadual de São Paulo.

 


     Contrariando a decisão de muitos Planos Municipais e Estaduais, que retiraram da pauta a discussão de gênero das escolas, os próprios estudantes do Ciridião solicitaram justamente voluntários que abordassem temáticas relacionadas ao feminismo, à questão LGBT. O Instituto Paulo Freire, atendendo ao pedido dos jovens, realizou um Círculo de Cultura sobre Feminismo Negro e Movimento LGBT. Assim, as educadoras Deisy Boscaratto e Carina Palmeira (militante do Levante Popular da Juventude), acompanhadas pela designer e fotógrafa Aline Inforsato, foram à escola demonstrar o apoio a uma luta organizada, legítima, coerente, disciplinada e objetiva.

 


     Todos os presentes, secundaristas, professoras e nós, sentamos em roda e, logo de início, houve uma emoção mútua. Emocionamos os que nos ouviam e nos emocionamos com o que ouvimos. Carina propôs que os/as jovens olhassem para o/a colega da frente e relatassem com o que se identificavam nele/a. Ouvimos de uma das meninas: “Nem a conheço, acabamos de sentar uma ao lado da outra. Mas, apenas de olhar para ela, reconheço-me nas ocasiões semelhantes em que já vivenciamos como, por exemplo, assovios e abusos dos que passam na rua”. Neste momento, chamou-nos a atenção o nível de sororidade entre elas.

 


     O diálogo em torno do movimento LGBT foi, também, bastante revelador. Ao perguntar sobre relatos de homofobia na escola, um dos jovens presentes afirmou prontamente que, na Festa Junina, eles propuseram que os casais da quadrilha fossem compostos por homossexuais e heterossexuais, mas a direção da escola se opôs. Eles tentaram argumentar que toda forma de amor é justa, mas ouviram como resposta: "Depende do que você chama de amor”.

 


     Pudemos constatar não só a determinação e a organização dos estudantes, mas também o desejo por mais diálogo, por uma educação mais justa e libertadora. Os estudantes, a cada dia, vem dando aulas de cidadania e luta por um mundo menos feio, mais igual, como sonhou o educador Paulo Freire. Eles denunciam a realidade atual para anunciar a conquista de um outro mundo possível e de uma outra educação possível.